O que as empresas têm a aprender com a cultura das startups?

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A cultura das startups tem origem em negócios que já nasceram inseridos no mundo digital. Não ao acaso, seus conceitos e suas metodologias podem ser de grande valor para as empresas tradicionais, que encontram certa dificuldade em lidar com as mudanças rápidas e constantes dos mercados atuais.

Nesse sentido, as organizações convivem com o desafio de transitar entre diferentes épocas. Logo, demandam conhecimento sobre como manter a capacidade de atender às necessidades dos consumidores.

Sendo assim, se você atua na gestão de uma empresa tradicional, continue lendo este conteúdo para aprender um pouco mais sobre a experiência das startups e obter lições valiosas para o seu empreendimento.

Como os modelos das startups e das grandes empresas podem se relacionar?

Normalmente, as startups surgem a partir de uma ideia. O empreendedor observa uma necessidade ou desejo de um conjunto de pessoas e pensa em uma forma de atendê-lo, criando ou aprimorando um valor.

Consequentemente, a gestão profissional é adquirida em um segundo momento, quando os desafios deixam de estar centrados apenas em inovação e passam a questões, como escalabilidade, eficiência, saúde financeira, etc.

Por sua vez, as empresas tradicionais seguem o paradigma oposto: as estruturas e os processos são maduros e bem definidos e a resistência está relacionada à adoção de novos conceitos e metodologias.

Por isso, a interação entre os modelos conduz a benefícios recíprocos. Ambos podem tornar a balança entre inovação e gestão profissional mais equilibrada, ao trocarem informações.

Quais são as lições da cultura das startups para as grandes empresas?

As empresas tradicionais podem receber lições valiosas sobre o modo de ser das startups e incorporar elementos que auxiliarão o crescimento, a produtividade, a eficiência e a rentabilidade, em um cenário em que as mudanças são rápidas e constantes.

Não se trata, portanto, de destruir os seus alicerces, mas de buscar equilíbrio entre o modelo tradicional e a necessidade de inovar. Lembre-se de que a dosagem certa evita que o remédio se torne nocivo. Veja algumas lições importantes a seguir:

Investir em inovação

As lições para grandes empresas começam pela compreensão de que a tecnologia transformou os desejos e as expectativas dos consumidores. Hoje em dia, há uma busca por maior agilidade, produtos e serviços centrados no cliente, soluções integradas com o mundo digital, entre outras mudanças.

Logo, a inovação é, ao mesmo tempo, uma necessidade e um meio de atender aos mercados. Com efeito, as organizações tradicionais devem tomar um pouco da mentalidade das startups, lidando com os riscos e as despesas de uma maneira mais positiva. Trata-se de entender que erros e gastos com novos projetos, métodos e ideias fazem parte do jogo.

Criar uma cultura de negócios orientada para o cliente

Ao beberem da fonte da cultura das startups, as empresas podem sofrer uma mudança significativa de mindset e tornar-se focadas no atendimento das necessidades dos consumidores.

Nesse sentido, além do foco na experiência do destinatário (customer centric), a inovação com base nos feedbacks dos clientes é de vital importância. Afinal, ela considera a percepção positiva ou negativa como base para criar e aprimorar valores.

Por isso, mantenha canais de comunicação com os destinatários e receba, até mesmo, as reclamações de maneira amistosa. Lembre-se de que o cerne do empreendimento é entregar o que as pessoas querem ou necessitam. Então, nada melhor do que considerar o que elas têm a dizer, não é mesmo?

Adotar a cultura da experimentação

Em um ambiente fértil de ideias, o verdadeiro destaque vai para quem consegue tirar os planos do papel e entregar um valor efetivo para o consumidor. Por isso, a cultura da experimentação é uma lição importante para as grandes empresas.

Resumidamente, o modelo implica a renúncia de alguns conceitos tradicionais: planejar minuciosamente e, só com tudo finalizado nos mínimos detalhes, colocar a ideia em prática. As startups utilizam diversos processos que contribuem para um aprimoramento mais ágil de produtos e serviços:

  • prototipação – transformar a ideia em um modelo com suas linhas gerais, de modo que o desenvolvimento se paute por elementos mais tangíveis e de comunicação mais simples;
  • MVP (Minimum Viable Product) – criação de soluções com as características mínimas necessárias para sua colocação no mercado;
  • shadow testing – venda de um valor antes mesmo de estar completo, normalmente, oferecendo algum benefício extra para o consumidor que aposta no produto em seu estágio embrionário;
  • teste de campo – apresentar o produto ao potencial cliente, com o uso de metodologias de pesquisa.

Por fim, é importante que as práticas de experimentação estejam associadas à inovação baseada no feedback dos clientes. Isso porque, ao colocarem rapidamente a solução em uso, os próprios consumidores afirmarão seus pontos positivos e negativos.

Empregar métodos e processos ágeis

Outra lição da cultura das startups é a busca por agilidade de processos e metodologias, a fim de dar conta das constantes mudanças, que decorrem, principalmente, dos avanços tecnológicos.

Nesse sentido, além de instrumentos que rapidamente submetem a ideia ao consumidor (MVP, prototipação e shadow testing), é recomendável a busca por uma menor burocracia nos processos internos.

Para tanto, a quebra de certas hierarquias e o empoderamento das equipes para tomar decisões nas pontas são aspectos centrais. Isso porque o consumidor se acostumou à instantaneidade, de modo que a morosidade na solução de demandas é comumente vista com estranheza.

Além disso, a empresa tradicional pode se beneficiar da incorporação de métodos ágeis, como desenvolvimento interativo e incrementalprocessos lean e sprints.

Potencializar os recursos humanos

As startups enfatizam a formação da equipe, dispondo de uma boa parcela dos recursos para selecionar e reter talentos. O esforço e o dinheiro gastos rendem colaboradores com o perfil e a técnica requeridos para desenvolver os projetos.

No entanto, só isso não basta. O clima organizacional também é um ponto central, uma vez que as condições do ambiente de trabalho permitem que as pessoas desempenhem suas atividades em alto nível. Os gestores de startups fazem os profissionais se sentirem em casa, porque veem o acolhimento como essencial para o desempenho.

Por fim, é interessante ressaltar a criação de novas maneiras de organizar as equipes, como os squads, em que os profissionais formam pequenos times responsáveis pela melhoria de um aspecto específico do produto ou serviço entregue ao consumidor.

Como uma empresa tradicional pode aprender com a cultura das startups?

Atualmente, as organizações podem buscar diversos canais de comunicação com startups, como eventos, comunidades, consultorias, publicações, etc., o que permite entender as práticas desses modelos empresariais e fornece insights valiosos.

Uma ideia interessante e eficaz, vale ressaltar, é iniciar ciclos de discussão com a rede de contatos da organização, de seus parceiros, fornecedores, clientes e stakeholders (público de interesse). Práticas positivas, nesse sentido, são as seguintes:

  • fóruns de discussão;
  • fábrica de ideias;
  • eventos e outros ambientes que facilitem a interação;
  • comunidades virtuais para discussão de temas;
  • hackathons.

Sendo assim, a empresa, gradualmente, acessará os nichos de organizações de alto crescimento, como as startups. Logo, ao olhar para fora de suas paredes, ela inicia um percurso que culmina na promoção de ambientes de discussão, na criação de desafios e na troca de experiências com os novos modelos de negócio. A partir de então, o paradigma tradicional pode apreender e incorporar novos conceitos, especialmente os elementos de exponencialidade: agilidade, flexibilidade e adaptabilidade.

Por fim, é importante deixar claro que a dosagem dessa absorção dependerá do contexto da empresa. Os negócios estão limitados pelo tamanho e pela qualidade dos mercados em que se inserem. Logo, embora todos possam se beneficiar da cultura das startups, a medida exata dependerá das condições específicas de cada empresa.

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*Colaboração de Marcos Bardagi

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